Total de visualizações de página

sábado, 31 de janeiro de 2009

Vereadores fazem obra ilegais em seus gabinetes na câmara

CÂMARA DE VEREADORES DE NITEROI.

Obras na Câmara sem autorização do InepacPublicado em: 31/01/2009Texto: Antônio Figueiredo
Tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), o prédio da Câmara de Vereadores de Niterói está sofrendo alterações sem autorização do órgão. Para ampliar seus respectivos gabinetes, os vereadores André Diniz (PT), Felipe Peixoto (PDT) e Rodrigo Farah (PRP), tiveram autorização do presidente da Casa, vereador Paulo Bagueira (PPS), para quebrar paredes para abrir portas junto a salas vizinhas.A direção do Inepac, que desde 2007 cobra do Legislativo a troca de telhas de amianto por originais de cerâmica - obra feita naquele ano e que descaracterizou o imóvel que é da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) e foi cedido à Câmara -, fará uma inspeção especial na quinta-feira no prédio para apurar o caso. Há suspeitas ainda de que a obra é custeada, sem licitação, pela Câmara. Segundo Marcos Monteiro, diretor do Inepac, o antigo presidente da Casa, atual vice-prefeito, José Vicente Filho (PPS), descumpriu compromisso de recuperar o telhado reformado sem autorização do Inepac. “No caso dessas reformas, recebi a informação de que as alterações estão sendo feitas na estrutura do prédio. A Câmara também cometeu outra irregularidade no imóvel, ao substituir o telhado de cerâmica por amianto. Se o mesmo não for refeito como o original, recorreremos ao Ministério Público Estadual para que o patrimônio público seja preservado”, afirmou o diretor. CONSTATAÇÃO - Em janeiro, com a chegada de novos vereadores na Câmara, começaram reformas nos gabinetes de Rodrigo Farah, André Diniz e Felipe Peixoto. O vereador do PRP, que já tinha as salas 40 e 42, ampliou seu gabinete adquirindo dois outros espaços que eram de André. Foi quebrada uma parece para abrir uma porta de comunicação com a sala do vereador do PT, que foi ocupar três salas que pertenciam à Assessoria de Comunicação, ao Departamento de Administração e ao de Licitação. Com a obra, Rodrigo ficou com três banheiros, sendo um exclusivo para ele.Para que André também tivesse trânsito livre nas três salas, foi quebrada uma parede junto à Ascom e a sala da Administração. Anderson Pipico, chefe de gabinete da Comissão de Educação, que é presidida por André Diniz, disse, sexta-feira, que o vereador teve autorização do presidente Paulo Bagueira, através do setor de Patrimônio da Câmara, para realizar a obra. “Não houve obra na estrutura, só uma pequena reforma. O Patrimônio (setor da Câmara) autorizou”, disse Pipico, presidente do PT de Niterói. O serviço nos gabinetes de Rodrigo e André já foram concluídos.Operários que trabalham no gabinete do vereador Felipe Peixoto, que “ganhou” a sala da Chefia de Atas, no segundo andar do prédio, inaugurado em 1917, estão quebrando uma parede para abrir uma comunicação com a sala ao lado. O pedetista, no entanto, negou, sexta-feira, que tenha “quebrado parede”. “Recebi um documento da Procuradoria (Geral da Câmara) dizendo que podia restaurar a sala. Só estamos substituindo o taco por piso (frio). Não mexemos nas portas nem nas janelas”, disse o pedetista. Na tarde de quinta-feira, uma equipe de A TRIBUNA flagrou um operário usando uma marreta para quebrar a parede do gabinete de Felipe. O presidente negou que a Câmara arcará com as obras. Outros vereadores também estão mexendo nos seus gabinetes, mas não alteraram a estrutura das salas. Através da Assessoria de Imprensa, Paulo Bagueira disse que “a Câmara já tem agendado, para a próxima semana, uma reunião com representantes do Inepac, para discutir questões sobre a restauração do prédio, incluindo questões relativas ao telhado. Quanto às obras dos gabinetes, são de responsabilidade exclusiva dos vereadores”.Ex-presidente teve autorização para fazer rampa para deficienteEx-vereador e ex-presidente da Câmara, o advogado Wolney Trindade disse que orientou alguns colegas para não realizarem obras sem autorização do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e ainda da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), proprietária do prédio da Câmara e que cedeu o imóvel após a fusão dos antigos estados do Rio e da Guanabara. Wolney disse que, para instalar uma rampa para deficiente físico na parte interna do prédio, ligando o estacionamento aos gabinetes, precisou pedir autorização à Alerj. “A Câmara só funciona naquele prédio por causa de uma cessão da Assembléia, através dos deputados Gilberto Rodrigues e Cláudio Moacir (presidente e secretário da Alerj), em 1975”, assinalou. “Pelo contrato, a Alerj precisa saber quando qualquer obra será feita no prédio. A direção também precisa pagar um seguro anual do imóvel, para ter uma garantia se houver um incêndio ou uma tragédia”, alerta Wolney Trindade.OUTRA IRREGULARIDADEEm 2007, A TRIBUNA revelou, através de uma série de reportagens, que a reforma da fachada da Câmara estava sendo feita sem autorização do Inepac. A partir daí, o então presidente, José Vicente, suspendeu o contrato com a empresa que já havia colocado andaimes junto à fachada do imóvel, que seria pintado por funcionários contratados sem licitação. Foi quando o Inepac apresentou uma lista de empresas conceituadas para realizar a obra, que aconteceu após processo de licitação e foi concluída no início deste mês. José Vicente não foi localizado para comentar o acordo firmado com o Inepac para trocar o telhado. Rodrigo Farah não retornou os recados. ESTILO ROMANOO processo de tombamento do prédio da Câmara de Vereadores de Niterói é de 1978, mas só foi concluído na década de 80. Segundo o Inepac, o imóvel é de “arquitetura eclética de inspiração romana, inaugurado em 1917”. A Câmara está “ornamentada com esculturas alegóricas monumentais alusivas a símbolos patrióticos republicanos”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário